sexta-feira, 27 de julho de 2012




Resenha filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" (The Dark Knight Rises / 2012 / EUA) dir. Christopher Nolan



por Lucas Wagner



Obs 1: A primeira parte dessa resenha pode ser lida por qualquer pessoa, ou seja, quem viu ou não viu o filme. Já a segunda parte, que eu sinalizarei ao dividir dessa com uma linha, só deve ser lida por quem já viu o filme, já que os elementos que discutirei lá contém spoilers.

OBS 2: Eu não leio histórias em quadrinhos. O que discuto aqui são méritos ou deméritos DO FILME! Pouco importa se é algo fiel ou não à história em quadrinho.

OBS 3: Essa resenha vai ficar BEM grande.

  Em 2005, o cineasta britânico Christopher Nolan ressuscitou a franquia Batman com seu impecávelBatman Begins, ambientando o herói dessa vez em um universo realista e sombrio, com uma Gothan City que servia como perfeita metáfora para qualquer grande metrópole do mundo atual, já que era sempre dominada pela violência e corrupção. Além disso, tornou Bruce Wayne/Batman uma figura extremamente complexa e fascinante, nos levando a realmente compreender os motivos por trás de sua luta em se tornar um símbolo contra a opressão constante por parte da violência. Em 2008, Nolan criou um filme ainda mais grandioso em Batman - O Cavaleiro das Trevas, um filme extremamente exaustivo psicologicamente, que conta com uma trama impecável, cenas de ação soberbas, trazendo um vilão inesquecível (numa atuação idem de Heath Ledger) e, o que é ainda mais importante, consolidou Batman como provavelmente o herói mais honroso e digno dentre todos que figuram nos inúmeros filmes de heróis lançados todos os anos, já que, mesmo sofrendo pelo peso de ser um Símbolo (e muitas vezes sendo mal interpretado), o herói compreendia sua importância para aquela cidade, e compreendia ainda mais a importância de ter alguém digno de confiança lutando pela justiça através de meios legais, o que no caso era Harvey Dent. O que nos trás a esse último capítulo da intensa trilogia de Nolan, Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (que a partir de agora nessa resenha, vou me referir como TDKR, de The Dark Knight Rises). Esse último capítulo, infelizmente, fica abaixo dos dois impecáveis primeiros filmes, por alguns problemas que vou discutir aqui, mas isso não significa que o filme seja ruim. Pelo contrário: TDKR é um longa tenso, complexo, bem feito e muito satisfatório, que fecha bem a trilogia.

  Em primeiro lugar, Christopher e Jonathan Nolan (irmão do cineasta, e que escreveu o roteiro junto com ele) criam uma trama complexa e adulta, e que não tem seus elementos mastigadinhos para espectadores mais desatentos. Para ser sincero, se você desviar a atenção do que ocorre na tela, pode perder alguns elementos importantes. Além disso, é importante notar como os elementos dessa trama buscam se alojar em um universo extremamente realista, no qual encontramos personagens agindo da forma como esperaríamos que agissem na realidade. Assim, nesse filme, encontramos uma Gothan City mais pacífica e, aparentemente, livre de crimes, devido à aplicação da Lei Dent (em homenagem a Harvey Dent). Dessa vez, no entanto, a criminalidade parece se encontrar mais naquelas pessoas ricas e poderosas que, na sua sede de poder, na sua sede de ganância, acabam atraindo um mal terrível à cidade. Então, vemos aqui a inteligência dos Nolan ao não ignorarem que a verdadeira violência não está apenas nas ruas, mas nos patamares mais altos das classes sociais. Além disso, é interessante que os irmãos observem com certo cinismo a ação de certas pessoas poderosas que, em prol de “manter a ordem e a paz”, preferem deixar a população cega quanto à periculosidade do que está acontecendo na cidade, enquanto está tudo basicamente entrando em colapso, já que o prefeito não quer tomar ações efetivas para “não gerar pânico”.

  O roteiro dos Nolan também é feliz ao ter consciência de estar tratando do capítulo final de uma trilogia, e assim, liga belamente os elementos deste filme com os dois primeiros, criando assim uma sensação de unidade que deixa tudo ainda mais épico e grandioso, além de empolgante, já que, diferente do que aconteceu com Homem Aranha 3 de Sam Raime, os Nolan conseguem aqui mexer em elementos dos dois filmes anteriores (em especial, o primeiro) com cuidado suficiente para não gerar furos de lógica que com certeza comprometeria a integridade do longa. No entanto, no que se refere a trama, o filme comete um erro grotesco no terceiro ato da história, algo que discutirei na segunda parte dessa resenha.

  Quanto aos aspectos técnicos do filme, este está simplesmente impecável. Christopher Nolan tem uma preocupação fascinante no que se refere aos efeitos visuais do longa, e, assim como fez nos dois primeiros Batmans, e também no seu inesquecível A Origem, prefere usar, durante a maior parte do tempo, trucagens mecânicas e não efeitos criados por computador, o que aumenta a imersão no universo do longa. Ainda assim, quando usa efeitos de computador, o filme ainda não decepciona, já que esses foram feitos com cuidado para parecer o mais realista possível, sem trair sua natureza digital, algo raro no Cinema moderno. E no que se refere às cenas de ação, o longa está simplesmente i-m-p-e-c-á-v-e-l! Acho extremamente difícil que algum outro filme esse ano o supere nesse quesito, já que estas cenas foram montadas belamente (e intensamente!) por Nolan e seu editor Lee Smith, de maneira que sejam empolgantes ao mesmo tempo em que não são confusas, algo que também é raro no Cinema moderno. Mas, estas impressionam ainda mais pela escala épica que Nolan lhes atribui. EmTDKR, as cenas de ação atingem uma grandiosidade ainda maior do que aquelas presentes em O Cavaleiro das Trevas ou A Origem, justamente pelo fato de Nolan compreender a própria necessidade dessa grandiosidade frente à trama e aos rumos que essa vai tomando. Assim, nos deleitamos com cenas inesquecíveis como a que envolvem diversas explosões coordenadas ao longo de Gothan, uma perseguição maravilhosa envolvendo o Morcego (veículo voador do Batman) e ainda aquelas envolvendo motocicletas (em particular uma no terceiro ato em que Mulher-Gato está presente), entre um número enorme de cenas de ação impecáveis. E também é impossível não admirar Nolan pelo fato de que ele não ignora as tragédias humanas que ocorrem na guerra durante o terceiro ato, algo que, se não feito, tornaria a experiência totalmente artificial e não iria condizer com o modo como o cineasta conduziu sua trilogia (esse erro patético, evitado aqui, foi cometido esse ano em Os Vingadores, por sinal). Ainda, essas não teriam a mesma força se não fosse pela mais uma vez impecável trilha sonora de Hans Zimmer, que confere energia e intensidade invejáveis ao longa (e que também faz muito bem nas cenas mais sensíveis).

  Nolan se mostra mais uma vez um verdadeiro mestre ao criar tensão, sendo capaz de criar até mesmo uma cena extremamente tensa apenas com o som do hino dos EUA (algo corajoso por parte do cineasta, ainda por cima). Também, é notável sua capacidade de usar tanto a trilha de Zimmer quanto o próprio silêncio (muitas vezes absoluto) para criar um clima ainda mais tenso para diversas cenas. Mais importante do que isso, porém, é a habilidade com que o cineasta conduz sua história. Possuindo um número enorme de personagens (o que, em muitos filmes, gera graves problemas), Nolan demonstra extrema disciplina e competência como profissional ao, juntamente com Lee Smith (que, como eu disse antes, é o seu montador), ir construindo sua trama com cuidado e calma, montando o filme num clima crescente de tensão, ao mesmo tempo em que não deixa a história confusa e muito menos deixa o filme cansativo em seus 165 minutos de duração. E também é admirável que, mesmo em um filme tão tenso, Nolan consiga incluir cenas de humor absolutamente eficazes.

  Com tudo isso, seria fácil que o cineasta se esquecesse de seus personagens. Porém, assim como fez em A Origem, Nolan se cerca de um elenco impecável que o ajuda na tarefa de transformar seus personagens em figuras humanas e tridimensionais, e sou obrigado a discutir um pouco sobre eles aqui que, a seu próprio modo, são verdadeiros heróis nesse filme. Gary Oldman tem seus melhores momentos como James Gordon na trilogia e consegue torná-lo mais complexo do que anteriormente, já que aqui ele se mostra torturado por ser obrigado a contar uma mentira que, mesmo que necessária, continua sendo uma mentira suja que coloca imensa culpa nos ombros de um inocente (e é tocante que, em certo momento, ele quase não resista a tentação de contar a verdade, mas resiste pelo bem da população de Gothan). Michael Caine está mais do que perfeito como Alfred, dessa vez também transformando-o em uma figura complexa, algo que não acontecia nos dois outros capítulos. Aqui percebemos toda dimensão de seu respeito e amor por Bruce Wayne que, de uma forma ou de outra, é seu filho; e o talento de Caine fica muito bem evidenciado em duas cenas em particular (duas cenas extremamente tocantes, por sinal).

  Joseph Gordon-Levitt é um ator que admiro cada vez mais, e aqui ganha ainda mais meu respeito em uma performance impecável como o policial Blake. Gordon-Levitt interpreta Blake com a mesma força e disciplina com que criou Arthur em A Origem, criando aqui uma figura tridimensional e interessante que não teria a mesma eficácia nas mãos de alguém menos competente. O arco dramático do sujeito é interessante e tocante, que passa de um jovem inseguro e inexperiente para um verdadeiro e amadurecido herói ao longo do filme. Anne Hathaway demonstra também enorme talento ao criar Selina Kyle (a Mulher-Gato) como uma moça complexa que usa de sua beleza e habilidade para atingir seus objetivos, mas que também passa por um arco admirável ao longo do filme.

  Tom Hardy recebe a difícil missão de criar um vilão para a trilogia depois que Heath Ledger deixou todo mundo louco como o Coringa no filme anterior. Mas Hardy não faz feio de modo algum. Possuindo apenas o olhar a voz basicamente para dar forma ao personagem, Hardy tem a capacidade de demonstrar vários sentimentos através apenas destes dois recursos. Observem como, na sua entonação de voz, ele revela frieza, ironia e também, um inegável cansaço, provavelmente por estar fazendo aquele tipo de trabalho a muito tempo (e também é fascinante que ele demonstre verdadeiro sentimento ao se comover com uma criança cantando uma canção). Além disso, com seu olhar, ele demonstra também toda a dimensão de sua maldade, em particular no momento em que está mentindo para a população de Gothan (e seu olhar, nesse momento, não deixa de ser cômico também). Também é interessante sua mania de sempre, quando está parado e em pé, fica com as duas mãos como que abrindo sua roupa, para deixar que vejamos parte de seu peitoral, algo usado, imagino, para causar medo e ameaçar. E é impossível não admirar a inteligência de Nolan ao enfocá-lo, na maioria das vezes, em um plano contra-plongê, lhe conferindo maior força e imponência, que nos leva a temê-lo ainda mais.

  E agora chegamos a Christian Bale, que consegue completar com perfeição o arco dramático de Bruce Wayne começado em Batman Begins. Cansado e obviamente deprimido, Wayne simplesmente não encontra mais graça em viver, já que a única coisa que o mantinha ligado a sua realidade como pessoa era a possibilidade de um relacionamento com sua amada Rachel Dawes, que morreu no filme anterior. Assim, ele se torna um recluso, um solitário, que não encontra mais tanta felicidade em viver, e muito menos tem paciência para se pintar como playboy egoísta para esconder sua identidade como Batman, como fez nos filmes anteriores (e é fascinante que, no único momento em que faz isso nesse filme, Bale demonstre extremo cansaço e falta de vontade, e quase não emite nenhum som no momento em que faz isso). Assim, não é difícil que ele encare uma possível volta como Batman (quando as notícias sobre Bane se espalham) não apenas como algo necessário, mas como algo que ele deseja. Mas ainda assim, isso é dizer muito pouco sobre o personagem, já que o grau das provações físicas e psicológicas que ele enfrenta nesse filme supero até mesmo aquelas em que ele vive no filme anterior, o obrigando a reencontrar toda a sua força que construiu como o símbolo Batman para se reerguer e fazer aquilo que é necessário, aquilo que é certo. Com certeza, Batman continua o herói mais honroso do Cinema.

  Porém, como eu disse, o filme não é livre de defeitos dessa vez. Embora eu vá discutir com mais liberdade os problemas na segunda parte dessa resenha, tenho que discutir alguns dos problemas aqui, mesmo que mais resumidamente (e sem spoilers). Primeiramente, o relacionamento amoroso entre Wayne e Miranda Tate (Marion Cotillard, único ponto fraco do elenco, embora ela seja, normalmente, uma atriz fascinante) é ridículo, já que é extremamente mal trabalhado e responde a um propósito patético por parte do roteiro dos Nolan. Mesmo que Wayne esteja carente e frágil emocionalmente, simplesmente esse relacionamento não deveria existir. Além disso, no que se refere ao mais grave problema do filme, a reviravolta no que diz respeito a Bane, é simplesmente desprezível, já que faz com que o personagem perca toda a sua força, imponência e complexidade que foram construídas com tanto cuidado ao longo do filme. Para mim, o longa perdeu grande parte do seu encanto nesse exato momento, e também na cena final (que só discutirei na segunda parte, apenas para quem viu o filme).

    Mas, ainda assim, Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge é um ótimo e admirável filme, que fecha com habilidade a saga daquele que é o super herói mais complexo, honroso e fascinante que eu conheço. Um filme adulto e de alta qualidade que faz com que filmes de super herói como Os Vingadores  ou O Espetacular Homem Aranha  pareçam brincadeirinha de criança, e não Cinema de verdade.

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  Bom, agora só quem viu o filme ok? Vamos lá, sobre a reviravolta de que Bane era apenas o “protetor” de Miranda Tate, que revela ser na verdade Thália, filha de Ra’s Al Gu (Liam Neeson). Em primeiro lugar, é patente que Bane tinha se consolidado como uma figura complexa e trágica que, nascido dentro de uma prisão subterrânea cuja única saída e entrada é uma imenso buraco no teto. Quase ninguém consegue escapar dessa prisão, subindo esse buraco e realizando um salto ambicioso. Uma pessoa apenas conseguiu, que seria Bane, filho de Ra’s Al Gu, como revelam durante o filme. Bane então entraria para a Liga das Sombras (sociedade secreta que busca realizar justiça pelo mundo, nem sempre pelos meios mais éticos e morais, por assim dizer). Esses elementos ajudam a compôr Bane como um indivíduo extremamente complexo e trágico, nascido nas sombras e criado na dor, o que torna ainda mais fascinante a estratégia de Tom Hardy ao trair, além de frieza, cansaço pela sua voz. Temos então um vilão impecável, sem dúvidas fascinante (e o fato de Wayne ter que realizar o mesmo caminho de Bane, assim como os policiais que ficam preso no subsolo, é sinceramente brilhante, já que se torna um verdadeiro símbolo de Reerguimento – RISE).

  Porém, assim como J.J Abrams cometeu o erro, em Missão Impossível 3, de enfraquecer o genial vilão interpretado brilhantemente por Phillip Seymour Hoffman, ao incluir uma reviravolta em que ele era relegado ao mero papel de coadjuvante, aqui os Nolan realizam o mesmo erro patético, ao colocar Miranda/Thália como a verdadeira filha de Ra´s Al Gu e verdadeira vilã do filme, numa reviravolta abrupta e tola. Isso é ruim primeiramente pelo fato de que os caminhos para essa revelação são extremamente mal trabalhados pelos roteiristas, e o pior, é mal trabalhado a ponto de eles nos enganarem emocionalmente, o que é mais ridículo. O caso é que, os irmãos Nolan parecem ter criado um relacionamento amoroso entre Miranda/Thália e Bruce Wayne, apenas com o objetivo de que essa reviravolta soasse mais impactante e emocionante, talvez ainda para esconder a artificialidade desta. Isso é truque sujo irmãos Nolan! Isso é coisa de amador, e os irmãos Nolan não são amadores (quem esteve envolvido na realização de filmes como Amnésia, Grande Truque, A Origem, The Dark Knight,etc, não podem ser amadores!).

  Mas, ainda pior do que isso, é que essa revelação tira completamente a força a complexidade de Bane, que fica relegado ao papel de coadjuvante. É impossível observá-lo com o medo que tínhamos dele. Além disso, o modo como ele saí de cena é também um tremendo erro, já que, para um personagem que foi ganhando tamanho respeito ao longo do filme, o modo como ele morre é simplesmente patético, e apenas prova ainda mais como a tal da reviravolta prejudicou o filme.

  Agora, vou discutir sobre a morte de Batman e a cena final. O fato de Batman morrer foi, para mim, uma decisão extremamente corajosa por parte dos Nolan, e que, ainda por cima, enriquece demais o filme tematicamente. Se lembrarmos do arco dramático vivido por Bruce Wayne/Batman em O Cavaleiro das Trevas nos lembramos de como Wayne sofria pelo o que fazia, não apenas em um nível pessoal, mas ainda na própria questão envolvendo seus objetivos como Batman. Ele achava que, através de Harvey Dent, é que a população de Gothan teria um símbolo verdadeiro, legítimo na luta contra a opressão ocasionada pelo crime e pela corrupção. E também podemos nos lembrar da difícil (e honrosa) decisão de se colocar como símbolo de maldade, apenas para deixar que Dent continue como símbolo da bondade e justiça.

  Pois então, ao morrer em prol do povo de Gothan, Wayne completa sua gradual transformação (iniciada em Batman Begins) total em Batman, relegando completamente sua identidade como ser humano, para possuir apenas uma identidade como Símbolo anônimo, servindo como farol moral para a Sociedade. É interessante que, desde a morte de Rachel, Wayne tenha perdido a vontade de viver, já que parece não encontrar qualquer ligação com a realidade, com um “mundo social” que envolva alguém mais do que Alfred e Lucius Fox (Morgan Freeman); e nesse momento, ele parece encontrar conforto apenas em ser Batman, produzindo assim até mesmo uma perseguição meio desastrada por parte do herói (que está fora de forma). Mas, durante o seu trajeto no filme, ele é obrigado ao se reerguer e encontrar forças (físicas e psicológicas) e compreender a importância em ser Batman, em funcionar como farol de justiça e moralidade para cidadões que afundam na miséria. E, ao morrer, ele fecha com perfeição seu arco dramático.

  Agora chegamos à cena final, quando Alfred vê Wayne em uma mesa com Selina Kyle. Se Nolan tivesse acabado o filme no exato segundo em que Alfred vê “alguma coisa” e dá um sorriso, seria algo genial, brilhante, já que, assim como fez em A Origem, Nolan encerraria o filme com cuidadosa ambiguidade, que enriqueceria demais o longa. Wayne poderia ter sobrevivido ou não (afinal, descobrimos que ele tinha concertado o piloto automático do Morcego, o que poderia permitir uma fuga enquanto a bomba explodia). Mas o fato de Nolan mostrar que Alfred viu Wayne, tira a possibilidade de que ele não tenha sobrevivido. E, mesmo que tentemos forçar a barra para a possibilidade de que aquilo seja na verdade uma espécie de sonho ou ilusão de Alfred, ainda assim seria impossível, já que qualquer argumento a favor disso pareceria inevitavelmente forçado, e não viria naturalmente devido à delicada construção, como aconteceu em A Origem.

  Além disso, o fato de sabermos que Batman não morreu, impede que ele se torne o que seria mais belo no filme: uma verdadeira lenda, um mito... uma espécie de Mártir. Se conheço bem a filmografia de Nolan (e eu conheço), tenho certeza de que ele tomou essa decisão não por conta própria, mas mais provavelmente porque um super herói basicamente nunca morrer em seu próprio filme, e também por medo de decepcionar os fãs. Uma pena. Se pelo menos ficasse a ambiguidade...

  Esses defeitos não destroem o filme. Como eu disse, ele é ótimo. Mas certamente diminuem bastante a sua qualidade e força, o tornando, infelizmente, um filme menor na trilogia Batman e na própria filmografia de Christopher Nolan.

OBS: Um detalhe interessantíssimo que eu notei apenas quando assisti o filme pela segunda vez está na cena que se passa em uma festa em que todos estão mascarados, menos Bruce Wayne. O fato de Wayne não estar mascarado demonstra notável sabedoria por parte de Christopher Nolan quanto à compreensão do personagem com que está trabalhando. Como já disse, o arco dramático de Wayne ao longo de toda a trilogia consiste na perda de sua identidade como ser humano (mesmo contra sua vontade; e é interessante que toda esse identidade como ser humano estaja baseada na figura de Rachel, que cresceu junto com ele, o que remete diretamente a sua infância, antes de seus pais morrerem) e na sua transformação total em Batman, em um símbolo de justiça. O fato de ele ser o único a não estar usando máscara é fascinante já que, de fato, ele também está com uma máscara. Sua máscara é como Bruce Wayne, como bilionário mimado e playboy excêntrico. Mas o que esle esconde por trás dessa máscara é Batman. Isso fica ainda mais genial já que, no fim de Batman Begins, Rachel chegue a dizer a Bruce que sua verdadeira face é como Batman, e o playboy Bruce é apenas uma fachada. Genial, Nolan. Muito genial.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Hey ho, let's go!



Olá, amigos!

Venho hoje com uma postagem bem legal e emocionante. Vim apresentar-lhes um pouco sobre Jeffrey Ross Hyman, nosso querido Joey Ramone, vocalista da lendária banda de punk e surf rock Ramones, banda que esteve em atividade de 1974 a 1996. Joey nasceu em 15 de maio de 1951, no Queens - Nova Iorque. Desde pequeno teve incentivo de sua mãe para que se envolvesse com a música. Teve contato direto durante seu crescimento com as bandas dos anos 60, como The Beatles, The Who, The Doors, The Beach Boys, The Turtles, The Kinks, Elvis Presley, etc, por isso o fato de os Ramones terem um som muito influenciado pelo surf music. Após esse período, quando conheceu seu futuro amigo integrante da banda, Johnny Ramone, conheceram sons como The Stooges, MC5 e os New York Dolls, que os influenciaram diretamente.

Joey, apesar de ter sido diagnosticado com TOC (Transtorno Obsessiva-Compulsiva), era um cara altamente sociável e amigável. Após o término dos Ramones, Joey passou a se dedicar a seus trabalhos solos, onde enquanto gravava as músicas, lutava contra um linfoma. No final do ano de 2000, o álbum já estava finalizado, porém, Joey sofreu um acidente em sua casa onde quebrou a bacia, tendo então que interromper a medicação para poder fazer a cirurgia, fato que causou complicações a sua doença, que o levou a óbito no dia 15 de abril de 2001, com 49 anos de idade, notícia que abalou todos os fãs do cantor ao redor do mundo, e claro, ao mundo mundo punk, pois morria um dos maiores expoentes do punk rock. Johnny, seu grande amigo, ficou cuidando de seus direitos musicais, lançando assim o álbum solo de Joey em 2002, intitulado "Don't Worry About Me". Após o lançamento desse álbum, morre também o guitarrista da banda Johnny Ramone, em 2004, vítima de câncer de próstata, passando os direitos musicais de Joey para a gravadora deles, a Chrysalis Records, onde juntou todo material escrito e gravado por Joey durante os anos 90, mais que até então não tinham saído do estúdio.

Essas gravações renderam o mais novo álbum póstumo de inéditas de Joey, intitulado "Ya Know?", um álbum de 15 faixas, de puro rock n roll energético, que Joey sabia fazer muito bem. Encontramos uma exceção na faixa 4 do álbum, chamada "Waiting for the Railroad", que é uma balada lindíssima e também a faixa 10, "Merry Christmas (I Don't Want to Fight Tonight)", que é só um violão e a voz de Joey. Todas as músicas foram escritas por Joey e todas inéditas, exceto "Life's a Gas" e "Merry Christmas (I Don't Want to Fight Tonight)" que já haviam sido gravadas pelos Ramones durante sua atividade. O álbum foi lançado dia 22 de maio de 2012 e contou com participações de artistas como Joan Jett, Richie Ramone e membros dos The Dictators. 









Tracklist:

1. Rock n' Roll Is The Asnwer - 4:39
2. Going Nowhere Fast - 4:27
3. New York City - 3:31
4. Waiting for the Railroad - 4:45
5. I Couldn't Sleep - 2:35
6. What Did I Do to Deserve You? - 2:53
7. Seven Days of Gloom - 3:57
8. Eyes of Green - 2:26
9. Party Line - 3:04
10. Merry Christmas (I Don't to Fight Tonight) - 4:20
11. 21st Century Girl - 3:17
12. There's Got to Be More to Life - 3:11
13. Make me Tramble - 3:16
14. Cabin Fever - 3:40
15. Life's a Gas - 2:02

Tá ai galera, o álbum é excelente, vale a pena conferir. Até a próxima, abraços!

Joey Ramone, we miss you...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Mais um álbum essencial!

RUSH





Caros amigos, venho trazer hoje uma postagem sobre uma dos maiores 'power trio' da história do rock mundial. Nascida em Toronto - Canadá, o Rush inicialmente tinha na sua formação Jeff Jones no baixo e vocal, Alex Lifeson na guitarra e John Rutsey na bateria. Logo de início, não deu certo com Jeff Jones que passou por problemas de saúde, sendo então substituído por Geddy Lee, que entrou na banda ocupando as mesmas funções, baixo e vocal. Gravaram então seu primeiro álbum, auto intitulado "Rush" em 1974. Com seu rock progressivo, a banda chamou bastante atenção logo de início. Logo depois do lançamento do primeiro álbum, houve outra mudança na formação, dessa vez na bateria, onde John Rutsey foi substituído por Neil Peart, baterista o qual é aclamado pelo público apaixonado por bateria e pelos que entendem de música. Com sua performance agressiva e técnica, além de percussionista, faz de Neil Peart, o melhor baterista em atividade na atualidade, na minha opinião.

Gravaram então o álbum "Fly by Night" em 1975, atingindo conhecimento mundial e já saindo em turnês pelo Canadá e EUA. A partir de então, gravaram seus grandes clássicos, como "2112" de 1976, "A Farewell to Kings" de 1977, "Hemispheres" de 1978, que são álbuns complementares, "Permanent Waves" de 1980 e o mais aclamado "Moving Pictures" de 1981. Após essa fase de grande aceitação da crítica e o crescimento de fãs ao redor de mundo, o Rush caiu um pouco de produção, passando a fazer álbuns um pouco mais "pop", deixando de lado canções grandes, com mais de 7 minutos, as quais o público era acostumado, sendo que nos anos 80 entram numa fase eletrônica, usando bastante sintetizadores em suas músicas. Na década de 90, eles voltam com um som mais cru, igual ao do início da carreira, que pode ser ouvido no álbum "Test for Echo" de 1996. A banda tem também grandes álbuns gravados ao vivo, como exemplo o álbum "Exit... Stage Left" de 1981, que foi gravado durante a turnê de "Moving Pictures. 

Em 2007, a banda lança um álbum de músicas inéditas chamado "Snakes & Arrows, sendo que muitos fãs, críticos de música acharam que a banda entraria num hiato, pelo fato de os integrantes terem alegado que tirariam férias prolongadas e que não fariam uma grande turnê como de costume. Mentira! Não passou de especulação, pois a banda logo saiu em turnê para divulgação do álbum e lançou em 2008 o "Snakes & Arrows Live". Logo em seguida lançou mais espetacular álbum ao vivo, duplo, com direito a todos os clássicos da banda, passando por todas as eras! "Time Machine, Live in Cleveland" saiu em 2011, agradando a todo o público admirador da música do Rush. 

E agora em 2012, a banda surpreendeu a todos os fãs com seu novo álbum de inéditas, intitulado "Clockwork Angels", lançado mundialmente no dia 12 de junho. O álbum conta com 12 magníficas canções, o Rush como sempre explorando seu melhor potencial, o trio trabalhando juntos. O álbum começa com a música "Caravan", bem animada, já pra mexer o esqueleto. Contém também a bem trabalhada "Clockwork Angels", com tempo de duração de 7:31 min. Logo em seguida vem "The Anarchist", uma paulada, com Neil Peart destruindo na bateria. Eles também não deixaram de fazer uma balada, intitulada "Hallo Effect", faixa 6 do álbum, a rock n roll "Headlong Flight" que vai te fazer pular. O álbum termina com "The Garden", uma música pra deixar qualquer fã de cabelo em pé, com perfeitos arranjos de Neil Peart e Alex Lifeson. Hoje, todos com quase 60 anos, estão provando que ainda tem muita coisa boa para trazer aos fãs do bom e velho Rock N' Roll.







Tracklist:

1. Caravan - 5:40
2. BU2B- 5:10
3. Clockwork Angels - 7:31
4. The Anarchist - 6:52
5. Carnies - 4:52
6. Hallo Effect - 3:14
7. Seven Cities of Gold - 6:32
8. The Wreckers - 5:01
9. Headlong Flight - 7:20
10. BU2B2 - 1:28
11. Wish Them Well - 5:25
12. The Garden - 6:59

Vele muito a pena conferir esse álbum galera, um forte abraço e até a próxima!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Resenha de CD: Andy Timmons Band Plays Sgt. Pepper

http://2.bp.blogspot.com/-jG7dxpye6EA/T0mmdAZdd_I/AAAAAAAAHb0/Bv7B6gag7EM/s1600/andy-timmons-pepper.jpg





Marcos B. Silva

    Regravar a obra dos Beatles, é uma empreitada nada fácil, principalmente se o interprete se atrever a tocar musicas da fase psicodélica dos Fab Four, pode ser uma tarefa empolgante para um fã/musico, mas uma via de mão dupla para o consumidor final, uns vão defender a tese de que não se mexe no que é perfeito, outros vão curtir os novos arranjos, com sonoridades mais modernas.
    
    Todas as vozes, orquestrações, acordes e efeitos sonoros, foram executados apenas por uma única guitarra, sem overdubs, interessante o próprio Andy Timmons admitir que não gosta de cover de Beatles, mas justifica seu tributo, como a exposição das musicas, na forma como perpetuaram em sua mente, já que o álbum dos Beatles não foi tocado nenhuma vez durante as gravações, para servir de referência.

    A ideia surgiu durante uma apresentação na Itália, Timmons e sua banda tocaram um medley de “Strawberry Fields Forever/Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band”, ao fim da apresentação o amigo Riccardo Capelli sugeriu a eles, regravarem na integra o disco “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band”, porém em versão instrumental, e assim foi feito, em apenas 4 dias finalizaram as gravações e nos brindaram com esta maravilhosa performance do álbum mais famoso do quarteto de Liverpool.

    Algumas faixas mantiveram suas estruturas fieis as versões originais, outras, receberam improvisos bombásticos, dando as musicas o “Grand Finale” que merecem, é o que acontece com “Strawberry Fields Forever” (bonus track), a guitarra solo se desenvolve ao fim da canção, enquanto a banda cresce a dinâmica sutilmente, criando aquela sensação “vai explodir”.

    “Lucy and The Sky With Diamonds”, “With a Little Help From My Friends” e “A Day in the Life” causam arrepios, tamanha a sensibilidade e feeling, Andy Timmons ainda teve a capacidade de nos mostrar uns dos seus melhores timbres nesse disco, gravado apenas com sua guitarra signature AT100 da Ibanez plugada em 2 Mesa Boogies, passando por efeitos de echo e chorus, esse ultimo muito bem utilizado nos temas em que a guitarra reproduz 3 ou mais vozes, como no refrão de “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band”.

    Em “Whem I´m Sixty-Four”, há acordes que não fazem parte da canção original, aqui eles soam ate meio “fora”, mas Andy os gravou para tornar sua versão fiel ao seu proposito inicial, de tocar as musicas como ficaram registradas em sua mente, e não uma perfeita copia do que se ouve no disco original.

    Ouvir esse tributo e algo tão empolgante e emocionante quanto ouvir a gravaçao original de 1967, aqui não se ouve exageros técnicos, ou passagens friamente alteradas para dar lugar a exibicionismos típicos de um guitarrista solo, Andy Timmons soube unir sua musicalidade, o bom gosto e o respeito pelo que originalmente já e perfeito!

Confira algumas faixas do disco:





Mário Wamser


Eai galera, tudo bom?
Uma das coisas que me motivou fazer o blog é poder contar um pouco sobre as composições de meus amigos também!!!

E Hoje vou falar do meu amigo Mário Wamser.
 


Mário nasceu no dia 15 de janeiro de 1990 em Carandaí - Minas Gerais. O contato com música foi bem cedo, porque seus  pais, avós, tios e primos tocam profissionalmente e também são compositores. A música marcou sua infância, a partir dos  quatro anos de idade, quando começou a aprender bateria e piano. Aos seis anos foram os instrumentos de cordas (violão, baixo e guitarra)que surgiram em sua vida. 

Mário se formou na Universidade de Música Bituca aos dezenove anos de idade, na cidade de  Barbacena – Minas Gerais. Foi vencedor do prêmio BDMG Jovem Instrumentista 2011. E teve a oportunidade apresentar ao lado de grandes mestres como: Toninho Horta, Juarez Moreira, Celso Moreira, Weber Lopes, Beto Lopes, Gabriel Guedes, Milton Nascimento, Gilvan de Oliveira e outros. 

Atualmente Mário Wamser é destaque nacional com suas composições. O melhor dele é que sempre criando coisas novas. Seus novos projetos e composições são de Jazz e MPB. 

Agora... Gostei mais da sua música “Frio” porque pode acompanhar o seu desenvolvimento. O Mário ao enviar a composição com apenas uma faixa do violão deixou muito surpreso com sua melodia. E quando gravou no estúdio pode perceber a grande maturidade e ousadia nas improvisações e levadas rítmicas durante a sua música!!! Parabéns Mário Wamser !!!

Fiquem com um pouco do nosso amigo Mário Wamser:
  

"Frio"

 "Meus Mestres"

  
"Amanhecer"
 
 "Praia Mandu"

Contato para os futuros empresários e admiradores...