segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


Crítica filme "A Última Casa da Rua" (House At The End Of The Street / 2012 / EUA) dir. Mark Tonderai

por Lucas Wagner


  Eu acho que Jennifer Lawrence deveria vir ao Brasil e se casar comigo. Afinal, a tortura pela qual passei assistindo esse A Última Casa da Rua é tamanha, que eu merecia um prêmio grande assim. Eu só assisti esse filme por causa dela. Além de linda, Lawrence é uma atriz extremamente talentosa que, contrariando grande parte dos jovens atores e atrizes que conseguem sucesso com produções fracas voltadas apenas para a bilheteria, preferiu focar sua atenção em projetos mais ambiciosos e complexos que permitiam mais que ela desenvolve-se seu talento, como os maravilhosos Inverno da Alma e X-Men Primeira Classe, além de Jogos Vorazes (um longa muito irregular, mas que ainda assim é bem ambicioso tematicamente). Assim fica completamente incompreensível que a atriz tenha protagonizado esse terrível A Última Casa da Rua, que não só é um filme clichê e fraco, mas ainda demonstra verdadeira demência por parte de seus realizadores, especialmente o diretor, Mark Tonderai.

  Escrito pelo responsável do também patético Casa dos Sonhos, David Louka (nome bem sugestivo por sinal), acompanhamos Elissa (Lawrence) e sua mãe, Sarah (Elizabeth Shue), quando se mudam para uma casa vizinha de uma em que a filha mais nova, Carrie Anne, que sofria de “dano cerebral” (aff), matou brutalmente o pai e a mãe. O único que vive nessa casa agora é Ryan (Max Thieriot), com quem Elissa passa a desenvolver uma forte amizade. Só que Ryan esconde um segredo que pode colocar a vida de todos em perigo.

  O roteiro de Louka não sai do lugar-comum em momento algum, e assim podemos adivinhar basicamente tudo que ocorre no filme. Louka ainda cria diversas reviravoltas que, mesmo lembrando um pouco o clássico Psicose, de Alfred Hitchcock (há uma cena bem no final que serve como uma referência indubitável ao filme), têm um grande potencial dramático para ser desenvolvido, mas que é simplesmente jogado no roteiro, sem preparo ou esculpido de qualquer modo. As situações que levam a essas reviravoltas, e nem as consequências dramáticas que poderiam levar o filme a certa complexidade narrativa, são minimamente trabalhadas, o que evidencia ainda mais a incompetência de Louka. No desenvolvimento dos personagens o roteirista continua um zero a esquerda, e investe na já batida relação conturbada entre mãe e filha, para “trabalhar” as personagens de Elissa e Sarah, além de não proporcionar nenhum estofo psicológico para que as duas se tornem mais complexas, sendo que Elissa é simplesmente a adolescentizinha rebelde e Sarah é a mamãe insuportável que se arrepende dos erros do passado e quer impedir que a filha cometa os mesmos. E se Ryan é potencialmente complexo, Louka destrói o personagem a apenas tentar fazê-lo de coitadinho para “aumentar o impacto” dos acontecimentos do terceiro ato (é só ver o trailer que você já saberá tais acontecimentos).

  As atuações também não se evidenciam muito, talvez porque o próprio roteiro castre os atores de fazer qualquer coisa. Lawrence, em sua primeira atuação ruim, está simplesmente no piloto automático, interpretando Elissa sem qualquer esforço para desenvolvê-la um pouco que seja. Max Thieriot começa bem em seu papel como Ryan, mas desiste de tentar fazer algo decente com o personagem e investe apenas na voz arrastada, olhos tristes e cabeça baixa. Elizabeth Shue (que já trabalhou em ótimos filmes de Woody Allen) é dona da pior atuação, já que interpreta Sarah como uma mulher ridícula na meia idade, que ainda acha que é “adolescente gostosa”, e em nenhum momento seus esforços de ser “uma boa mãe” parecem verossímeis.

  Mark Tonderai, o diretor, revela-se um verdadeiro desastre no cargo. Sempre investindo no mais clichê possível das “técnicas” de criar suspense, somos obrigados a ouvir a trilha sonora aumentando estrondosamente para simplesmente vermos que nada demais estava acontecendo, algo que ocorre “n” vezes nesse filme. Mas o pior não é nem isso. Observe a “sensação de expressionismo” que ele tenta passar através da montagem estranha, dos cortes abruptos e das inclinações e movimentos de câmera, que surgem sempre tentando transmitir uma sensação de distorção, de “esquizofrenia”. O máximo que ele consegue é nos deixar com uma baita sensação de vergonha alheia por ele, já que, embora esses efeitos possam ser interessantes se bem utilizados (se me lembro bem, elogiei isso na minha crítica do terror A Entidade, de Scott Derickson), aqui são mal feitos e ainda não encontram lugar no contexto do filme. A trama, o enredo, não sustenta essa técnica aqui (como sustentava no citado A Entidade), e parece que Tonderai só fez isso por puro exibicionismo, e não como algo para aprimorar a narrativa.

  Mas o que torna Tonderei um “profissional” tão medíocre, tão nojento, não é nem isso. É o modo como ele “enxerga” a personagem de Carrie Anne, a garota que matou os pais. Ela é uma doente mental, não uma pessoa ruim ou má. No entanto, Tonderei a filma como se fosse um demônio, uma Samara (a garotinha satânica de O Chamado). A filma como uma vilã, como um monstro perigoso que não merece qualquer carinho ou consideração. Isso fica bem claro quando observamos como o diretor aplica aquelas técnicas expressionistas principalmente em relação à garota. Ela parece só pensar em matar, em causar algum tipo de sofrimento. Isso é repugnante, ainda mais para alguém como eu, que curso Psicologia e estudo como essas pessoas sofrem. Ver esse pateta fazendo isso com essa personagem me deu enorme vontade de levantar e ir embora, sem terminar de ver essa desgraça. Agora, quem não viu o filme, pulem para o próximo parágrafo. O fato de descobrirmos que a garota trancada no porão não ser Carrie Anne e muito menos uma doente mental, e nem que foi a garotinha que matou os pais, não alivia a carga de Tonderei, já que o simples fato de ele ter ousado enxergar a garota dessa maneira antes, quando ainda pensávamos se tratar de Carrie Anne, quando ele obviamente a colocou como “monstro de filme de terror”, já o torna um verdadeiro retardado sem um pingo de moral ou ética, e que, mais do que tudo, torna esse seu filme uma experiência tão medíocre.

  Conseguindo ser o pior dos filmes de terror em um ano que já está tão fraco nesse sentido (os únicos que salvam são o excelente O Despertar, o competente A Entidade, e o legal Possessão), A Última Casa da Rua não é apenas miserável como filme, mas por demonstrar como seu próprio diretor é um ser miserável. Além disso, é o primeiro ponto fraco na carreira de Lawrence. Mas no início do ano que vem poderemos vê-la de novo, no promissor O Lado Bom da Vida, do excepcional cineasta David O. Russell. A Última Casa da Rua eu simplesmente apagarei da memória.

2 comentários:

  1. puto , vagabundo, viado, etc.

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  2. lucas nome feio putaoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

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